'Não tenho paciência para ouvir os outros, não tenho paciência para viver, não tenho paciência para morrer, estou aqui, parada, num desequilíbrio interminável, nunca mais acabo de cair, irrito-me se me falam, sofro se não me dizem nada, odeio o gesto caridoso: a mão de alguém nos meus cabelos, o que eu quero é uma voz que me queira, um momento de descanso nessa voz.'
Grito . Rui Nunes
Grito . Rui Nunes
Há dias em que só o teu calor chega. Como se a tua infinita paciência me resguardasse de cada átomo que vai estourando aos meus ouvidos. Nem eu sei porquê. Mas às vezes é de tal forma estridente que chego quase a perder os sentidos.
Tenho sede. Fome. Azia. Indigestão. Tenho o paladar à deriva dos teus sabores e ainda não consegui perceber muito bem se isso é bom, ou simplesmente não.
Tenho o mundo à minha volta à espera e ao mais simples passo em falso, ele cai. Como se em menos de dois segundos os dedos explodissem cada página de um destino.
Os pianos têm rodinhas. Mas o meu deixou-se acomodar entre as fraquezas da minha coluna. E quanto mais desço, mais se acomoda.
Não me falta o que fazer. Mas passivamente prefiro ficar aqui. Gastando inesgotáveis tolices de quem não quer o que lhe espera.
Se ao menos tu me esperasses ...
Já nem escrever eu sei. Já nem isso.
(e o limite só não chega porque continuo a ter-te por cá. ainda que querendo mais, e sempre mais. desculpa.)
6 comentários:
Fazem falat palavras assim para nos fazer pensar mais vezes no que se resume a vida e o amor.
Continua por aqui eu faço-te companhia.
Que palavras mais cheias de sentimento Clarinha!
E acho que não corres o risco de não saber escrever...
Bjinho grande***
(ah e continuação de bom estudo)
Por mais voltas que o teu mundo dê, por mais passos em falso que possam ocorrer, haverá sempre uns quantos que existem para inverter o sentido das rodas do teu mundo e para colocar chão firme por baixo dos pés que falseiam...
E sim, sabes escrever hoje tão bem ou melhor que ontem:)
Beijinhux***
Senti a tua falta.
Como se sente apenas das coisas belas.
A tua presença subentendida, docemente vertida num punhado de palavras coloridas rasgando a minha tela. É sorrir assim, a cada palavra tua. Ter-te por perto.
As travessuras dos computadores também me têm mantido longe daqui, mas sempre que volto, volto com desejo de te ler. Ler e saborear cada tecla da tua melodia, tocar a textura dos teus sentidos, fechar os olhos e pensar que bom é o mundo quando há pessoas capazes de escrever assim, de sentir assim.
Fazes-me falta. Como só as pessoas importantes fazem =)
Se já não sabes escrever, então eu nunca soube... ensina-me a não escrever como tu...
Se sentes e escreves tão bem o que sentes, ensina-me a não sentir como tu...
Há dias em que só o sabê-lo chega, há dias em que tê-lo parece pouco...
Escrever deixa de se saber, quando vive como o vejo viver em ti. Não tentes aprender-te, limita-te a ensinar-nos com as tuas letras e melodias.
E as rodas do piano...essas estarão, certamente, envoltas de cotão, naquela sala que necessita de ser limpa e da qual alguém esconde a chave.
Um beijo, melodia*
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