domingo, abril 18, 2010

Quase sem querer

Falta-me a calma para dizer-te de onde venho e como cheguei aqui.
Articular os factos pela ordem que se sucederam e, das sombras de onde vim, resgatar à luz do dia o frenesim alucinante que o teu Ser espelha no meu.
É demasiado intensa a protecção do teu abraço e a liberdade que me dás quando me amarras com os teus olhos. Demasiado alucinante o galopar de sensações quando me fazes pairar no cume do céu, e se o céu já é lá em cima, mais alto me fazes chegar.
Desejo intensamente que ainda faltem 300Km para a viagem acabar, e a contar da estrada nacional!
É surreal! Tudo à minha volta é surreal. Apetece-me congelar o cérebro, desligar o telemóvel, tapar cada fenda de onde vem e sai o ar que nos liga e nos afasta do resto do mundo e pedir-te que o beijo dure para sempre!
A madrugada avança em contra-relógio, começo a correr contra o tempo mesmo com os ponteiros descronometrados, cai a primeira orvalhada e no frio ainda faz calor. Quero que fiques! Já não consigo pedir-te que não o faças!
Não preciso que nada de hoje seja diferente de ontem contigo, e, numa luta contra o mundo tento esquecer-me de onde viemos e para onde temos de ir. São demasiado imperativas as obrigações, porque me chamo Clara e não Maria João, porque não há Gaivotas no interior e não vivo à beira mar, porque resmunga a D. Rosa se já lhe compuseram a televisão, porque corremos todos os dias se os atrasos existem, porque deseja o 'fulano' a 'fulana' e não se desejam simplesmente o homem e a mulher, porque regamos os sorrisos de hipocrisia, porque construímos casas sob mil hectares de girassóis, porque havemos de doutrinar sentimentos, disfarçar sensações, enclausurar a intensidade de tudo o que é estonteante, esmagar segredos com a pureza das nossas almas. Procurar redenção por gostar do cheiro do teu cabelo e ter vontade de viver tudo outra vez.

Quero poder dançar todo o dia contigo ali encostado a fingires que não vês !

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