As casas, as ruas, os relógios, paralisam na memória das nossas células até ao dia em que decidimos ligar as luzes, carregar no botão e, sem hora nem destino marcados, tudo se movimenta outra vez.
É mecânica a doutrina das nossas vidas. O mundo começa e acaba em menos de dois segundos! Enchemos as almofadas de água salgada, atiramos pianos pelas janelas, vemos meia lua, tocamos em meia pele e acabamos por achar não viver nada por inteiro.
E o ciclo repete-se, como um artista de circo, fazemos malabarismo com os nossos dias mas o espectáculo é sempre o mesmo no dia seguinte.
Cansados da vida de malabaristas, o circo é para quem não tem casa e o ciclo é o mesmo dia após dia!
É então que viramos a esquina só para não nos cruzarmos. Vamos para Norte por saber que vão para Sul, de rato e gato brincamos outra vez, com as células do nosso corpo, agora já em movimento, e a memória cristalizada no tempo onde ficou, lá ao longe, a saudade.
De motor já ligado, até há espaço para fazer batota. Espreita-se por entre os dedos fingindo que não se vê, que o coração está adormecido e não há um jardim zoológico às cambalhotas no estômago!
As borboletas já não chegam e eu faço de conta que não gosto...
Tento ter a força p'ra levar o que é meu...
2 comentários:
"...Sei que às vezes vai também um pouco de nós" :) *
desculpa a invasão! mas achei este post lindo...genuíno em cada palavra, em cada metáfora.
continua a expressar-te assim, com puro sentimento :)
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