sábado, abril 28, 2007

Mais uns minutos

Dá-me mais uns minutos no teu quarto. No teu abraço, que seja. Não preciso de muitos mais, mas gostava de ter alguns ainda.
Já é tarde, eu sei, temos de ir embora e talvez seja a última vez. Mas estou a gostar, sabias? Não. Não te vou perguntar se gostas tambem, acho que não é preciso. Se me deres mais uns minutos eu já sei.
Tens de fazer mala, eu ajudo-te, afinal, tambem tenho que fazer a minha. Estou a gostar tanto que já nem me lembrava, vês. Mas depois, ainda temos duas horas e cinco segundos de sono. Não preciso delas, mas uns minutinhos de pausa em ti eu gostava.
Podemos pôr a música que quiseres, eu deixo. Sei que esperavas que não cedesse. Tambem eu. Mas olha, estou a gostar.
Talvez seja mesmo a última vez. Estou tão ciente disso como tu. Mas estão reservados dez minutos para nós. Dava-te mais dez, se os tivesse, mas acho que mesmo gostando (e olha que muito), não os tenho. Por agora não.
Pensei muito antes de desmaiarmos - Eu sei que sabes - Mas preciso de o dizer outra vez. Rebobinar cada pedaço da minha história, cordená-la em cada sentido que tomo, enrugar-me em peles que não são mais minhas, descamando os poros que não tenho que gostar mais.
'Ninguem tem que deixar de gostar'. Já mo disseste trezentas vezes, lembras-te? Mas eu sou tão ninguem como alguém, não sendo nada no final de contas. E é por isso, por isso que tenho que me fazer gostar (ou não gostar) antes que me delicie tanto.
Tarde de mais. Já percebi. Queria-te perguntar 'E agora?', mas tambem não o vou fazer. Continuo a pensar nos minutinhos que faltam monotorizando-os nas minhas respostas.
Sabes bem porque não pergunto. Pois, é por isso. As respostas, afinal, são minhas. Mas tu ajudas-me, a sério.
Não faças já as malas. Temos tempo. As minhas tambem ainda estão por fazer. E os minutos ainda não começaram a contar. Sincronizei o relógio para todo o (nosso) tempo do mundo. Ainda não o consigo dizer de todo o tamanho, mas lá no fundo, já o respiro.
Estamos demasiado alinhados. Gosto da desorganização. Mas está-me a saber tão bem..
E tu não sabes da missa a metade. Eu sei que tambem não me vais perguntar.
Largas a mala. Caiu tão no meio de nós que até tremi.
Valeu a pena.
Deitaste-me. Desligaste o relógio. E deste-me todos os minutos do mundo.
Obrigada.


Mas, 'e agora?'

6 comentários:

Pedro disse...

Acredito que se nos esforçarmos realmente muito - um olhar mais profundo, um toque em que a nossa mão se torna todo o nosso ser - conseguimos parar o tempo, pois de cada vez que revivermos o momento, vamos conseguir fazê-lo na perfeição.

E são esses momentos que nada nem ninguém nos pode tirar, não é?

É bom, parar relógios.

luisbranco disse...

'Ninguem tem que deixar de gostar'

:')


minha querida*

Anónimo disse...

O segredo está em saber transformar os minutos em longas eternidades. E eu sei que tu sabes fazê-lo =)
Beijoca grande*

Teresa disse...

ler o teu blog pode causar dos efeitos: refrescar a alma ou apertar o coração... Não sei bem com que sensaçãp fiquei agora, mas de uma coisa tenho a certeza, o texo é extraordinário... Quantas vezes não desejei já parar o tempo... Posso confessar que já consegui...!!

Street Fighting Man disse...

agora amiguinha, é pegar no tapete voador e pôr-mo-nos nas putas antes que seja tarde de mais.
já não nada de novo na estrada para o inferno
***

El-Gee disse...

adorei este texto tb. obrigado..