Desenfreadamente!

É tudo tão automático, tão irritantemente incontrolável que a vontade de te matar escorre-me a pele desenfreadamente. Não me apetece ser simpática. Não me apetece dizer que te adoro e o quão mais já te adorei. Não quero! Percorres-me num infinito tão longe de mim que só te desejo aniquilar. Tocas-me tão fundo na pele que te repúdio mesmo do outro lado do mundo. Não te aproximes! Mais! Estás a despojar-me de fé com a tua maldita dor que não sabes curar! Fazes-me mal. E eu odeio-te! Sim, ouviste bem! Quero-te longe, muito longe. Não te quero sentir o cheiro nem a mil e quinhentas milhas de mim. Ai se eu pudesse .. Sai! Não finjas que não, não me roubes o espaço, não me sugues a alma. Não! Ela não é mais tua! Deixa-me! Deixa-me dormir, deserdar a dor, adormecer no meu colo e embalar-me na liberdade. Deixa-me respirar, sentir o ar fustigar-me o rosto enquanto o sentes como um estalo na cara!
Deixa-me queimar a pele, arder na água, afogar-me no banho! Deixa-me ir, sem ti! Deixa-me gostar, sem te ter! Deixa-me rir, sem te ver!
Desaparece! Rasga as memórias amarrotadas, deita-te nelas e deixa-me soprar-te para bem longe!
Vai! Agora, de uma vez por todas. Embarca! O carrossel está à tua espera! Eu, eu não quero brincar mais!
(E POR FAVOR, POR FAVOR, morre em mim, de vez.)

POR FAVOR!