quarta-feira, março 21, 2007

Era uma vez ...


Se soubesse escrever, escrevia um livro..
Lembrava-me de todos os sorrisos que rasguei e fazia o mais belo conto de fadas. Devorava cada linha na velocidade mais furiosa do descompassar do meu coração e deixava-me voar letra a letra terminando nas vírgulas e nos pontos finais.
Mas no dia que decidi escrever o livro fui morrendo no meio de cada consoante que me atravessava o peito num desencontro mais cruel que o outro.
Assim me deixei enrolar, parei o mundo cá dentro e, de expressão fechada e lábios cerrados, deixei o de fora devorar-me a pele e engolir-me os sentidos que há muito se faziam esconder.
E como todos os desencontros que o nosso mundo parou, tambem os encontros, num feedback constante, voltam ao ponto inicial onde a discórdia os faz desencontrar novamente.
Sem contos de fadas e histórias felizes, enraizando a dor num passado imutável, o livro não se escreve, pelo menos ao som das gargalhadas que juramos soltar, ao ritmo dos passos que sincronizadamente se desmanchavam. E entre a proeza de a bonita forma de ser conseguir, e a crueldade da batalha que vamos travando, escrevemos uma outra qualquer coisa. Sem melodia nem promessas felizes, sem arranjos musicais ou juras de amor, sem paz e sem pressa, sem calma e sem raiva. Sem um não saber, mais que saber, onde o encontro e o desencontro se fazem reinar.
E, lado a lado, 'para sempre e nunca' pela metade se atravessam, como se o mundo já não fosse nosso e a história tambem não.
Esquecemos as páginas, largamos os sentidos no canto mais longe do coração, esquecemos os meses, matamos as horas, ignoramos a cumplicidade, queimamos a paixão, sujeitamos-nos às regras do mundo de fora, aos desencontros que teimam em se encontrar e aos caprichos de um qualquer eu com o qual nunca nos apresentamos.
E assim nos devolvemos ao poço interminável que nos faz subir e descer cada pedra mais penosa que a outra, como se no fundo, não tivessemos o direito de saber escrever.
Mas eu juro, amordaço os relógios, páro o sangue, ignoro as veias, mas juro, um dia, há-de haver história.
Um di a, vou querer um livro.

(Vamos lavar a alma e dar as mãos?!)

5 comentários:

Anónimo disse...

pode-se pedir ja o livro?
venho sempre ver o teu blog.


e fico sempre sem palavras.
lindo!

Anónimo disse...

O TEU livro ja esta escrito...e é encantador... cada palavra q escreves é uma página de um livro eterno...continua!! Um beijo da madrinha** Rita

Anónimo disse...

estou literalmente sem palavras...
adorei o que escreveste...mesmo...
beijinhux linda***

Anónimo disse...

estou literalmente sem palavras...
adorei o que escreveste...mesmo...
beijinhux linda***

Hugo disse...

não te preocupes...a carolina salgado já tem um...pk raio nao hasde tu ter um tambem?

visitem:
www.torradadomeio.blogspot.com