quinta-feira, janeiro 25, 2007

Nuvem esquerda


Sentei-me na nuvem equerda do teu lado, tal como o coração está do lado esquerdo do peito, à espera de te contar os dias como uma canção de embalar.
Deixei-me ficar. Sentada. Quieta. Contemplando-te os cabelos negros e a pele morena que arde o sol a cada segundo que respiras. Sentia-me gelidamente quente e o dia, estava bom.
O céu acendia-me o amor e o amor, era mesmo amor. Não vivia por viver, nem olhava por olhar. Amava. O eternizar de cada partícula que nos subia pelo rosto escrevendo mais uma página do diário.
Quantas e quantas vezes fechei os olhos desenhando nuvens e mais nuvens. E naquele momento, preciso segundo de todos os mestres das horas, estava ali, concretizando mais um tic tac que me faz passar os dias. E aquele era meu. Tão meu quanto a tua presença, que se fundia num misto de olhar e toque à luz dos raios enternecidos.
E da forma mais lamechas possível encerrei-me no céu encoberto, fechando as cortinas aos espectadores.
Era a nossa tarde.
Amanhã, o nosso dia.


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