quarta-feira, dezembro 27, 2006

Cuidados


Quando não sabemos de nós, tentamos prender-nos em quem nos deixamos adormecer.
A cabeça, essa, fica muitas vezes confusa e o coração nunca parece suficiente para amortecer as quedas ou alimentar a sangue frio a coragem em resistir aos nossos desejos.
Às vezes os braços parecem pequenos demais e as vontades alastram-se numa velocidade incontrolável pelo palpitar do miocárdio e o fôlego da respiração. De olhos cerrados o mundo gira e quanto mais gira mais longe fica do ponto de partida.
Retomamos à terra onde contemos nos poros uma vontade indominável de envolver o mundo em nós. Mais tarde percebemos que o mundo é demasiado grande e as nossas mãos demasiado pequenas para fazê-lo desmaiar aqui, onde precisavamos que ele estivesse.
Nunca soube muito bem como chamar a isto, talvez capricho ou, quem sabe, não tem nome mesmo. Mas sempre que o mundo salta para lá da janela onde me tento resguardar, abrem-se as feridas que libertam a água salgada num pranto dilacerante.
Mais do que a gargante, hoje doi-me a madrugada que me prende o olho em si.
Até o relógio me observa de soslaio como que num tic tac condenante.
Que desçam em mim todas as infantilidades e mimos. Que cresçam cá dentro como todos os caprichos e desejos. Que as tenha. Já que de nada adianta. Que me alimentem, mas que não me larguem.
Dou um nó na garganta que grita a liberdade presa lá fora. Ferro os meus sonhos como se nunca os devesse ter sonhado. Mordo as esperanças e as vontades, malditas e traiçoeiras, de uma vaidade só que me desgasta os poros velhos e acabados. E assim me penalizo por querer sempre mais, e assim me condeno por desejar o mundo ao pé de mim. E assim me ensurdeço na liberdade que não tenho (nunca te quis roubá-la, mas nunca percebeste que só queria bebe-la em ti).
A noite já caiu, agora está tudo escuro. Acendem-se as luzes para os que correm na rua, apago a minha silenciando o quarto.


Vou adormecendo o olho que teima em espreitar a ver se estás por aqui (a cuidar de mim).

3 comentários:

happiness...moreorless disse...

"assim me ensurdeço na liberdade que não tenho (nunca te quis roubá-la, mas nunca percebeste que só queria bebe-la em ti)."

Adorei o texto, especialmente estas linhas =)

Um feliz 2007, com tudo de bom*

TP * disse...

"Vou adormecendo o olho que teima em espreitar a ver se estás por aqui (a cuidar de mim)."

:) oh q terno! eu sei bem o isso 'e!e o acontece sempre 'e q eles n estao la! lol bolas!

espero q ja' estejas melhor minha pussy! sn vais ter q passar a noite de 2006 para 2007 na cama!! baaaaaaaah!:P
mas se a companhia for bouaaaa..:P lol piuuu!

gosto mt da imagem :P ***

beijooooooooooo

Anónimo disse...

Toda a gente tem direito a infantilidades e mimos. Nem que seja quando está doente...E espero mesmo que eles nunca te larguem, que sejam sempre saciados por aqueles que tu queres que saciem essa sede:) Não te penalizes por querer sempre mais. Vangloria-te desse inconformismo desmedido, bem como dessa ânsia de companhia junto de ti...Ainda vais muito a tempo de "o" fazer perceber que a liberdade não se rouba, partilha-se...
Beijinhux***