sexta-feira, maio 08, 2015

Parêntesis

Pousar aqui de novo, sim, pousar, porque voltar depois te tantas letras perdidas nesses ventos da vida é como pousar num lugar, de mansinho, quase sem querer fazer barulho para não acordar as emoções que aqui permanecem adormecidas. É como estar no fundo do corredor encarando uma gigante roda de afetos e, afinal de contas, acho que é disso mesmo que a vida se trata, um labirinto de vais e vens onde as palavras se reciclam em novos olhares, novas relações, novos trabalhos, novos pulsares, despindo-se dos ventos antigos e reerguendo-se em novos ares. Nos intervalos do sol, nada se perde e tudo se transforma, as memórias vestem as mesmas roupas, mas em novos corpos, as notas voltam a afinarem-se, mas em novas vozes e a luz volta a entrar guiando-nos sempre aos mesmos lugares. Talvez a vida seja mesmo isso, uns parêntesis que vamos abrindo e esquecemos-nos de fechar e assim renascemos, revivemos, reescrevemos.

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