sábado, maio 01, 2010

Eu sei, meu amor, que nem chegaste a partir

Tenho adiado, nos últimos dias, a minha vinda até aqui. Tenho adiado palavras, emoções, desabafos, lágrimas e até o caminho que será remado daqui para a frente. Tenho adiado a dor que embarga a saudade, que balança, em cada hora, os rasgos de sorrisos estendidos pelas recordações que "levo comigo p'ra vida".

Marcamos etapas, somos gerações, delineamos fronteiras, construímos castelos, erguemos bandeiras, libertamos gritos, sejam de dor ou de felicidade, fizemos e sempre faremos a diferença.
Ameaçamos o mundo como um criador ao defender a sua arte e não tememos nada.

Hoje, atropelo-me nos pedaços que fui guardando, na saudade que me atraiçoa a memória, nas palavras que teimam em não sair, na busca do sentido para um Porto tão meu, seja seguro, seja a cidade, sejam aquelas paredes amarelas, seja quem as percorre, esplanadas fora, salas dentro, trilhos calcados pelos anos perdidos, que desvendam a alma de quem chega sem nunca largarem a de quem parte.

Hoje falo de mim, escrevo por mim e para eles. Aperto a nuca contra a barriga, desamarro os medos e amarro os nós desses laços hoje percebidos, mais do que nunca, mais do que alguma vez os amarrara.

Obrigada,
à família de sempre, aos amigos para sempre, à Faculdade de Direito Universidade do Porto, e, por uma última vez, à minha Legislatuna.

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