sexta-feira, setembro 07, 2007

Ao morrer na praia ..

Ganhaste!
Conseguiste finalmente congelar-me o corpo numa soma de blocos de neve que nem pleno Agosto saberia derreter.
Deceparam-se-me os últimos minutos de vida enquanto me ia lembrando dos contornos do teu corpo colado ao meu!
Fomos Inverno de forças sucumbidas e hoje a tua ausência asfixia-me!
Tenho as artérias dilatadas no teu pulsar de antigamente. O cérebro cansado de te expulsar do peito. E a alma enrolada nas tuas ancas que já não estam aqui.
Dói-me! Dói-me qualquer coisa! Tudo e mais alguma coisa! Até o ar que respiro me dói..
De moléculas indivisíveis passamos a feridas abertas. Onde a nudez ecoa os nossos gritos abafados pelo silêncio dos monstros que nos roubaram!

Só me tento lembrar da tua calma. Do teu mundo intocável onde me descrevias como uma súmula de paixões. Do teu ritmo cardíaco que nunca mais vai disparar assim, com ninguem. Isso, eu sei!
Pedia-te para voltar, hoje que acordei sem ti! Onde pela primeira vez o teu calor eram vestígios das nossas partidas. Mas não quero!

Percebi a falta que me fazes! O coração disparado como se não houvesse amanhã. Mas no fim, os músculos estão contraídos em vácuos oblíquos que já nem tu consegues endireitar.
O ódio, esse, foi-se alastrando pelos nossos corpos como se isso fosse a única coisa que nos unisse.
Morremos ao som de sinfonias que já não sabíamos ouvir. Bateste com a porta e fechaste todas as janelas do teu coração.
Os teus olhos esvaiem-se numa força de me minimizar perante tudo o que fui para ti. Como se isso fosse a única coisa que te acalmasse a raiva de tudo quanto errei.
Não precisavas de fazer isso!

Parabens! Ganhaste!
Paraste-me o coração!

Não tenho mais forças para colidir com o teu mundo sem que me desfaça no pior que há em mim. Sem que desperte todas as remeniscências de um passado feliz! Sem que nos entreguemos a outros universos onde o sangue não corre mais nas veias!
Hoje dava a vida para que ainda fosses a primeira impressão!
Sinto a pele velha de combater a guerra que as nossas almas criaram. Vivemos interceptados pelas sílabas que um dia nos cortaram os lábios, e, não suportamos mais que as nossas respirações se espraiem como esboços felizes..
Vivemos para nos magoarmos!
Já nem sei se me desiludi mais contigo ou comigo. É triste!

Quando tocares as minhas mãos vais sentir o teu cheiro.
Quando me olhares nos olhos, é o teu reflexo manchado!
Ainda sinto a tua falta, mas hoje, desisto perante tudo o que já não és!


Não tenho mais coração para te acompanhar!

15 comentários:

Ana Teixeira disse...

"Quando tocares as minhas mãos vais sentir o teu cheiro.
Quando me olhares nos olhos, é o teu reflexo manchado!
Ainda sinto a tua falta, mas hoje, desisto perante tudo o que já não és!"

quando doi, doi tudo. por um qualquer motivo mas doi, e as folhas pedem que sejam preenchidas com os vestigios do que foi. De um qualque inverno feito verõ ou de um agosto gélido que congela até o coração mais quente.

***

inocência perdida disse...

"Onde a nudez ecoa os nossos gritos abafados pelo silêncio dos monstros que nos roubaram!"

Gostava de ter escrito isto. Não gostava de o sentir tão igual a ti. A vida é mais do que uma Dor, e bem mais do que um Amor por isso: "Ainda sinto a tua falta, mas hoje, desisto perante tudo o que já não és!".

Se era tanto e tornou-se tão imbecilmente pouco a culpa não foi tua, se és igual a ti!

Anónimo disse...

"Só me tento lembrar da tua calma." :'$

tocaste-me muito com o teu texto!
Está mais que bonito.

Um beijo

telma disse...

identifico-me tanto com este texto . |:
escreves tão bem *.*

Luis Martino disse...

Bufei o pó de sentir para longe das palmas das minhas mãos.
Hoje só quero o entristecer do sorriso de outrora,
Que me traga o ardor das feridas que abri
Para poder saber que a dor que existe é real.
Guardo a água que corre nos meus olhos
Para o mundo azulado que não espera por mim,
E me deixa no meio da estrada
Sem pernas para a percorrer.

devo dizer que este canto foi dos melhores que ja visitei na minha curta existência de criança neste mundo de palavras sentidas. gostaria que passasses pelo meu cantinho e olhasses os rascunhos borratados que la se encontram espalhados pelas paredes.

gostaria mesmo...

cm disse...

E ei não tenho palavras que acompanhem as tuas... forte!

fi. disse...

gosto de te ler.
a força das tuas palavras antige.me a alma que uma brutalidade inexplicável. mas sabe bem.

é sempre bom dispensar 8 segundos da minha vida para vir aqui (:
um beijinho*

.diana.alves. disse...

Estou sem palavras. Gostei muito. Como sempre.
Vou ser breve porque, como já disse, as palavras falham-me.
Quando tu tocares as tuas mãos, sente o teu cheiro que se mesclou com o “dele” e sorri.
Quando te olhares ao espelho, vê o teu reflexo perfeitamente nítido como um dia alguém já o viu e sorri.
Não desistas nunca de acompanhares os corações daqueles que deixam o seu bater por ti. Sorri.
Continua a sentir falta de tudo o que gostaste. A saudade nem sempre é uma coisa má e lembra-te, sorri. Chorar é fácil de mais. E eu acredito em ti:)
Um beijo minha “princesa”:p

happiness...moreorless disse...

Triste mas muito bom, mesmo.
Forte e apaixonado.

***

Maudlin disse...

As pessoas que aqui deixaram tão bonitas palavras já disseram quase tudo...O resto, aquele resto que passa despercebido, esse já to disse a TI.


Eu ACREDITO na ClaraMafalda x')

PetraC disse...

Texto, texto maravilhoso~! *.*
Adorei memso.
Escreves tão bem!! -.^

umbeijinho,

Ornela harris disse...

Gostei muito do teu texto!

"Vivemos para nos magoarmos!" cada vez mais acredito nesta frase, infelizmente!

beijinhos*

Anónimo disse...

obrigada querida!
so agora me apercebi que estudas aquilo que pretendo alcançar no próximo ano: Medicina :D

beijinho *.*

Anónimo disse...

ups xD
entao onde é que eu vi a medicina?
LOLOL

enfim -.-'
beijinhos

Hélène disse...

dizer que me vieram as lagrimas aos olhos chega para dizer que gostei? tenho saudades tuas.. sinto-te mesmo mesmo distante. gosto-te ma puce*