sábado, dezembro 23, 2006

Junto ao peito (hoje e amanhã)



Pedes-me que fale baixinho e vais-te acomodando junto ao meu peito.
Silenciando o vento que me fustiga no rosto, deixas-te ali ficar, com as pestanas baloiçando entre o fogo dos teus olhos e o João Pestana que já te espreita. Mas ficas. E não te cansas.

Ao mesmo tempo que te embalas em palpitações, vais-me embalando em novelos de cabelo e esferas rectangulares.
À meia-noite adormecemos o relógio, esmorecendo nos castelos de saudade que dividem a noite do dia. E quando me desenhas nas tuas mãos deixas cair um a um o nó que não se solta e cala a partida.
'Estamos diante de circulos em linha recta', digo-te adivinhando o sorriso que te desmaia. E tu tornas a desenhar-me entre os teus dedos que amanhã voltam a segurar o mesmo cigarro.
Desenrolo-te a gravata, começando o beijo que a vida se encaminhará de ir celando. Sabemos que amanhã não estará vazio e os meus braços nos teus vão tocar.

(5 minutos mais tarde)

Deito-me respirando-te o perfume que largaste nas escadas. Fecho os olhos e percebo que afinal querias era ouvir o meu coração.

2 comentários:

Anónimo disse...

E tu sussurras o que vai dentro da alma enquanto o teu peito inspira aconchego.E assim ficam os dois. nesse impasse entre o fogo da paixao e a calmia do amor. nao se cansam. Vao-se continuar a embalar um ao outro até que o relógio desperta. Mas voces param-no com o toque suave da saudade esmorecida que guardam no fundo da gaveta das emoçoes. Celam-se, um no outro, com esse beijo profundo de quem ocupa os amanhãs de alguém e de quem anseia que o novo dia chegue para o bater do coraçao dar som ao silencio que a ausencia provocou.
lindo.
jinhux***

Teresa disse...

Adoro estas palavras! "Fecho os olhos e percebo que afinal querias era ouvir o meu coração." Lindo!
Porque só o coração nos consegue dizer as verdades e realidades mais bonitas!

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